sexta-feira, 29 de julho de 2011

Hepatite C mata duas mil pessoas por ano no Brasil, diz Ministério da Saúde


Neste Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, o Ministério da Saúde divulgou dados sobre a doença no Brasil. A hepatite C é a causa direta da morte de duas mil pessoas por ano, enquanto o tipo B é responsável por 400 a 500 mortes ao ano, informou Jarbas Barbosa, Secretaria de Vigilância em Saúde.

A hepatite C é transmitida pelo contato com o sangue, principalmente em agulhas, transfusão de sangue e equipamentos perfuro-cortantes, como alicates em manicuras. É rara a transmissão por relações sexuais. Já o tipo B, além do contato sanguíneo, também é transmitido pelo sexo.

Barbosa salienta que desde 1993 não há mais transmissão por transfusão de sangue, já que é realizado um exame de detecção do vírus. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destaca o uso compartilhados de objetos cortantes, mesmo dentro de casa. "É comum o homem ensinar o filho a usar a lâmina de barbear, por exemplo, e nem pensa que pode transmitir uma doença".

No Brasil, de 2 a 4 milhões de pessoas têm hepatite B, C ou D. O subtipo A foi registrado em 130 mil pessoas de 1999 a 2010; o B registrou 104.454 casos no mesmo período; e o C, quase 70 mil casos.

No mundo, a Organização Mundial de Saúde acredita que cerca de 2 bilhões de pessoas já foram infectados pelo vírus tipo B, 130 milhões o tipo C e 1,4 milhão o tipo A. Para se ter uma ideia, o HIV, vírus causador da AIDS, atinge 33 milhões de pessoas.

O grande perigo da hepatite é que ela não tem sintomas durante muitos anos, e, quando o doente descobre o vírus, já apresenta danos no organismo. Por causa deste silêncio, 50% dos infectados evoluirão para a forma mais avançada da doença e, destes, 25% terão cirrose hepática e/ou câncer de fígado.

“Apesar de termos mais de 2 milhões de indivíduos infectados no Brasil, temos menos de 20.000 em tratamento”, ressalta a Sociedade Brasileira de Hepatologia. 56% dos casos de câncer de fígado estão associados ao HVC e outros 30% ao vírus B. Cerca de 60% das indicações de transplante de fígado se dão pelas hepatites virais crônicas B e C.

Raymundo Paraná, presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia, ressalta que a prevenção da hepatite C é importante porque não há vacina e 80% dos casos se tornam crônicos.

Subtipos

A hepatite A ocorre principalmente em crianças e é transmitida por via oral, por água ou alimento contaminado. Dados da OMS indicam que 90% das crianças de países pobres, que vivem em baixa condição social, entram em contato com o vírus e se curam naturalmente. No Brasil, em 2009, foram identificados 11 mil casos.

Existem vacinas para hepatite A e B, que devem ser aplicadas a partir do nascimento para o tipo B e após 1 ano de vida para o tipo A. Paraná lembra que a vacina para o tipo B também protege contra o D.

"A vacina para hepatite A não está disponível no serviço público de saúde e para o tipo B pode ser tomada até os 24 anos. A rede privada fornece esta imunização em qualquer idade", explica.

A vacina para o tipo A é dada em duas doses, com intervalo de 6 meses. Já para o tipo B, são três doses dadas com intervalo de 30 dias e 6 meses.

Enquanto a hepatite tipo A aparece mais em crianças, a tipo B é mais comum em adultos. "Pelo Brasil, existem bolsões da doença no oeste de Santa Catarina, Espírito Santo, norte de Minas Gerais e a região amazônica", conta Barbosa.

O secretário destaca que a pessoa que detecta a doença hoje, provavelmente, foi contaminada há 10, 15 anos. Uma das principais ações do Ministério é incentivar o diagnóstico precoce das hepatites para iniciar o tratamento cedo.

A Hepatite C tem cura se diagnosticada precocemente; uma vez eliminado o vírus ele não retorna. Já as Hepatites B e D têm controle se o tratamento for corretamente indicado e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).

Do UOL Ciência e Saúde